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segunda-feira, 23 de maio de 2016

WIKILEAKS: JUCÁ ERA “FONTE” DA EMBAIXADA DOS EUA

: Em telegramas vazados pelo site Wikileaks, a diplomata americana Lisa Kubiske, conselheira da embaixada dos Estados Unidos em Brasília, cita o senador e ex-ministro Romero Jucá (PMDB-RR) como "fonte" do governo americano e diz que ele reclamava de "fraqueza" da candidatura de Dilma Rousseff
23 DE MAIO DE 2016 ÀS 18:43
Por Anna Beatriz Anjos, daAgência Pública
Em 2009, o atual ministro do Planejamento Romero Jucá (PMDB-RR) admitiu, durante conversa com Lisa Kubiske, conselheira da embaixada dos EUA em Brasília, que embora seu partido houvesse fechado aliança com o PT para a disputa das eleições presidenciais de 2010, preferia o nome do senador Aécio Neves (PSDB-MG) ao da então ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff, já cotada como candidata petista.
As informações constam em arquivorevelado pela plataforma Wikileaks em novembro de 2010. Enviado em 10 de setembro daquele ano a Hillary Clinton, secretária de Estado norte-americana à época, o documento, classificado como confidencial, é intitulado “Aliança de Lula com o PMDB: mais problemas do que ganhos?” e trata, como sugere o nome, das articulações entre a legenda e o ex-presidente.
Segundo Kubiske, durante o encontro, o peemedebista “passou cinco minutos reclamando sobre a fraqueza de Dilma enquanto candidata”. “O senador Jucá admitiu que a lealdade de seu partido estava dividida entre Dilma, Serra e seu nome pessoalmente favorito, Aécio Neves do PSDB, que ele gostaria de atrair para o PMDB como candidato presidencial”, reporta a diplomata norte-americana.
Nesta segunda-feira (23), reportagem da Folha de S. Paulo revelou conversas gravadas entre Jucá e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, ambos investigados na Lava Jato. Nos áudios, o ministro sugere a criação de um “pacto” para deter o avanço da operação.
Aécio Neves, também investigado na Lava Jato, é mencionado em dois momentos: primeiro, Jucá afirma que “caiu a ficha” de lideranças do PSDB sobre o alcance da operação; Machado comenta que “o primeiro a ser comido vai ser o Aécio”. “O que a gente fez junto, Romero, naquela eleição, para eleger os deputados, para ele ser presidente da Câmara?”, declara. Posteriormente, Machado volta a se referir ao tucano: “O Aécio não tem condição, a gente sabe disso. Quem não sabe? Quem não conhece o esquema do Aécio? Eu, que participei da campanha do PSDB…”. Jucá responde: “É, a gente viveu tudo”.
Em outro telegrama vazado pelo Wikileaks, de 21 de outubro de 2009, Jucá é citado por Kubiske como uma das fontes da embaixada dos EUA no Brasil. O então senador teria dito que a filiação de Henrique Meirelles – naquele período presidente do Banco Central e atual ministro da Fazenda – ao PMDB, pouco menos de um mês antes, confirmaria os rumores de que ele seria um “potencial vice-presidente” para Dilma. A diplomata assinala, porém, que Michel Temer, à época presidente da Câmara dos Deputados, era quem provavelmente comporia a chapa com a petista.
Em 23 de março de 2005, John Danilovich, então embaixador dos EUA no Brasil, escreveu um pequeno perfil de Jucá, que assumia o Ministério da Previdência Social do governo Lula. Danilovich informa que o peemedebista “tem sido alvo de diversas acusações de corrupção ao longo dos anos”. Narra que Jucá desviou verba de um fundo de assistência social de Roraima, retirou recursos públicos destinados a projetos de construção civil no mesmo estado e permitiu desmatamento em terras indígenas enquanto presidente da Funai.
De acordo com o relatório da Comissão Nacional da Verdade, Jucá é “responsável pelo massacre de centenas de yanomamis” em consequência das epidemias levadas pelos garimpeiros que entraram em terras indígenas com a autorização do então presidente da Funai. Recentemente o senador também apresentou projetos de lei flexibilizando o licenciamento ambiental e abrindo as terras indígenas à exploração econômica.
http://www.brasil247.com/pt/247/poder/233962/WikiLeaks-Juc%C3%A1-era-%E2%80%9Cfonte%E2%80%9D-da-embaixada-dos-EUA.htm

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